Contexto histórico
Pátria é um livro do autor Fernando Aramburu. Nascido em San Sebastián, ele fez muito sucesso com essa obra, que fala sobre o ETA. Vamos ver sobre o que é o livro?
Para poder falar sobre Pátria acho importante nós começarmos por um contexto histórico. A obra cobre um período de 20 anos da vida das personagens. Mas não de forma linear, os acontecimentos vem e vão entre passado e presente.
O presente é em 2011, ou seja, no ano em que o ETA anunciou o fim da luta armada. Mas você se lembra o que é o ETA?
ETA é a sigla para Euskadi Ta Askatasuna – Pátria Basca e Liberdade. A região do País Basco é dividida em duas – metade na Espanha e metade na França.
O grupo ETA foi fundado na Espanha com o objetivo de promover e proteger a língua e a cultura basca. Isso aconteceu em 1959, depois que o ditador espanhol, Franco, proibiu manifestações culturais regionais, bem como o uso do idioma basco e da bandeira da região.
O objetivo principal do grupo era a independência da região basca. Porém, para atingir esse objetivo eles optaram pela luta armada. Por isso, o grupo ficou conhecido por uma série de atentados terroristas.
O maior atentado do grupo foi em 1987. Eles colocaram uma bomba no estacionamento de um supermercado em Barcelona. 21 pessoas morreram e 45 ficaram feridas.
Em números oficiais, o ETA deixou ao todo 854 mortos, 6389 feridos. Além disso, sabe-se que o grupo foi responsável por pelo menos 700 atentados e 86 sequestros.
Ainda há uma grande quantidade de membros do ETA nas cadeias da Espanha, França e Portugal. O grupo anunciou o seu fim em 2018.
Enredo de Pátria
Bittori e Miren eram muito amigas, pensaram até em entrar juntas para o convento. Os anos se passaram, as duas casaram, vieram os filhos, mas a amizade só se intensificou.
Foi preciso uma força descomunal para colocar uma contra a outra: o terrorismo praticado pelo ETA.
Quando o marido de Bittori é marcado para morrer, a tensão se espalha pela pequena vila basca. Miren é levada a se radicalizar ao ver um dos filhos entrando para o grupo separatista.
Tudo pareceu de certa forma resolvido depois que Bittori foi obrigada a deixar seu lar às pressas em virtude do assassinato do marido. Por isso, quando o ETA anuncia o fim da luta armada, anos depois, ela resolve voltar à vila para um acerto de contas com o passado.
Ignorando as advertências dos filhos, está disposta a descobrir os pormenores do crime que a deixou viúva e dar uma resposta à própria condenação como pária.
*sinopse retirada do site da Editora Intrínseca.
Pátria
Na parte de trás do livro está escrito que algumas histórias tem apenas vítimas. E essa obra é realmente uma prova disso.
No começo do livro eu não pensei muito por essa ótica. Mas conforme os capítulos vão passando, você vai compreendendo que realmente, as coisas não são simples.
Pátria tem uma escrita ágil e muito dinâmica. O autor consegue intercalar tempo e narrador de uma forma magnífica e, por isso, nós – leitores – somos convidados a nos aproximar e afastar dessas personagens que se tornam tão queridas.
Eu me peguei sofrendo pelo fim da amizade entre Miren e Bittori. Mas a questão é que a vida é tão complicada que se torna fácil compreender o motivo que as separa.
Ao mesmo tempo, por mais que elas não digam, você sente que essa separação torna tudo mais difícil para as duas. E a vida de nenhuma delas é fácil. Aliás, nenhuma família nessa obra tem uma vida simples.
Todos eles são marcados pela política, pelo terrorismo, pelo governo e pelo ETA. Acho que é muito importante também lembrar que todas as personagens são marcadas por fanatismos.
A principal causa de sofrimento é a ideologia que pode nos cegar e nos levar a lugares nos quais nós jamais pensamos chegar.
Se você gosta de obras que te fazem refletir, por meio de provocações e, além disso, também são capazes de tirar o seu folego eu realmente recomendo Pátria.
Só um adendo, ontem a HBO estreou uma série baseada na obra. Ela possui o mesmo nome do livro.