Eu assisti “Fala Comigo” ontem, depois de deixá-lo muito tempo na minha lista. É um filme nacional premiado. Ele possui ótimas atuações e temáticas tabu. Mas não é fácil de digerir.
Ao dizer que a obra é difícil de digerir, eu já deixo claro uma coisa… não é um filme que possa agradar a todos. Aliás, se você não estiver se sentindo muito bem, eu acho que esse pode não ser a melhor opção para você no momento.
Em “Fala Comigo” a temática sexual é abordada o tempo todo. Mas não é da sua forma mais romântica. Em muitos momentos não é nem de um forma bonita, chegando a causar um pouco de desconforto em quem assiste.
Fala Comigo – Enredo
Diogo tem um estranho fetiche: ele sente prazer ao ligar para as pacientes de sua mãe, que é terapeuta. Certo dia, ele liga para Ângela, uma mulher de 43 anos que acaba de se separar do marido. Os dois iniciam uma complicada relação pelo telefone, repleta de curiosidade e de silêncio.
Mas sobre o que é “Fala Comigo”?
“Fala Comigo” é sobre relações humanas e também é sobre abusos. O rapaz tem uma mãe terapeuta, mas é impressionante como ninguém conversa nesse ambiente.
O nível de desatenção da família é tanto que a filha mais nova está desenvolvendo hipocondria apenas para poder chamar atenção. Enquanto isso, o filho mais velho se toca ligando para as pacientes da mãe. Ele apenas escuta a voz delas, nada além disso.
Um dia, uma delas tenta se matar. Ela não sabe quem é ele, mas tem o número de celular. Ela liga para se despedir e ele a socorre. É assim que os dois se conhecem e as fantasias do rapaz se tornam realidade.
Os problemas começam com as diferenças de idade: ela tem mais de 40, ele 17. Não pense que eu sou uma pessoa que problematiza casais de idade diferente, não. Mas desde que nós estejamos falando de dois adultos.
O jovem está passando por problemas em casa, tem uma relação conturbada com mãe e encontra colo nos braços de uma mulher com idade igual à dela.
Em uma das cenas mais bonitas do filme, vemos duas gigantes do cinema: Denise Fraga (a mãe) e Karine Teles (a namorada). Nesse momento, papéis se confundem e Denise atua como mãe e psicóloga, enquanto Karine é namorada e paciente.
E é nesse momento em que Denise fala:
“Você está repetindo um padrão, mas agora o agressor é você”!
O amor dos dois é confusão, carência e ilusão. Por isso, também digo: será que o abusador é mesmo ela, ou é ele? Vale esclarecer que a mulher tem problemas psiquiátricos, com tendência suicida e é paciente da mãe dele.
Além disso, em suas descobertas sexuais há a relação homossexual. Muito conturbada e também abusiva. Mas, novamente, ele não percebe as relações de abuso nas quais se envolve. Acreditando que tudo o que se passa é normal e sem a capacidade de conversar direito com os pais.
Não sei se você vai gostar da obra. Eu nem sequer sei se eu gostei. Mas eu não me arrependo de ter dado uma oportunidade ao filme.