liga anti máscara

Liga Anti Máscara – amando os erros do passado

O post de hoje é sobre curiosidade. Mais precisamente é uma das mil respostas que podemos das ao questionamento “estudar história pra quê?“. Vamos falar da liga anti máscara.

Se você leu o título desse post e achou que eu ia falar de atualidades, sinto muito. Mas quero deixar claro eu também sinto muito por essa matéria poder ser atual.

Por isso, vamos falar sobre fatos históricos com atenção. Torcendo para que daqui a cem anos outro blog não esteja falando sobre a liga anti máscara como uma coisa que poderia ser atual.

A gripe espanhola nos Estados Unidos

Em 1919 os Estados Unidos estava enfrentando o auge da Gripe Espanhola. Para quem não sabe a Gripe Espanhola durou de janeiro de 1918 a dezembro de 1920 e infectou cerca de um quarto da população mundial da época. Ou seja, cerca de 500 milhões de pessoas.

Um dos modos mais eficazes de evitar que a doença seguisse se espalhando de forma desenfreada era o uso de máscaras por parte da população. Mas em 1919 surge a Liga anti máscara.

Vamos começar declarando que a maioria dos estados americanos demoraram muito para combater a doença. O isolamento social só foi determinado para pessoas doentes.

A liga anti máscara surgiu em São Francisco. Vamos analisar a situação nessa cidade.

  • Número de habitantes – 500 mil;
  • Primeiro caso confirmado – 24 de setembro de 1918;
  • Medidas iniciais – quarentena, mas só para pessoas infectadas. Além disso, recomendou-se que a população lavasse as mãos e evitassem lugares cheios;
  • 3 semanas depois do primeiro doente (18 de outubro) – fechamento de escolas e locais de lazer. Proibição das aglomerações. Entretanto, a cidade já contava com 3,7 mil doentes e tinha 70 mortos.
  • 25 de outubro – o governo decreta que o uso de máscaras é obrigatório, punindo quem saísse sem máscara com multa e prisão.

As máscaras

O principal vetor de transmissão da Gripe Espanhola nos Estados Unidos foi o retorno dos soltados da Primeira Guerra Mundial. Por isso, muitos cidadãos passaram a julgar o uso de máscara patriótico.

Cada um costurava a própria máscara em casa, pois quem produzia as máscaras era a Cruz Vermelha e não tinha pra todo mundo.

Por mais que a maior parte da população fosse a favor do uso das máscaras, muitas pessoas faziam coisas erradas, como abrir um buraco na região da boca para permitir o fumo.

No fim de outubro São Francisco já contava com mais de mil mortos e 20 mil infectados. Mas isso não impediu o governo de decretar a reabertura do comércio e dos centros culturais no dia 16 de novembro.

A Primeira Guerra Mundial acabou no dia 11 de novembro de 1918. Dez dias depois as sirenes de São Francisco anunciavam o fim do uso de máscaras. Isso incluiu muita festa e as máscaras sendo jogadas no chão.

O resultado? Aumento no número de casos. Duas semanas depois o prefeito pedia para as pessoas utilizarem as máscaras de forma voluntária. Acho que eu nem preciso dizer que a maioria das pessoas optou por não utilizar a proteção.

O que nos leva à segunda onda forte da doença em São Francisco. Por isso, em janeiro de 1919 o uso da máscara voltou a ser obrigatório.

E nesse momento entra em cena a liga anti máscara.

A liga anti máscara

Formada por comerciantes, empresários, alguns médicos e um membro do governo, a liga anti máscara questionava a eficácia do uso das máscaras.

Alguns declaravam que não havia comprovação científica que provasse que essa medida evitaria a propagação da doença. Mas muitos só estavam preocupados com os impactados que o uso de máscaras causaria nas vendas.

Afinal, era melhor que as pessoas se sentissem seguras para sair e comprar à vontade.

Um encontro da Liga Anti Máscaras chegou a reunir 2 mil pessoas. Pode parecer pouco, mas nós estamos falando de duas mil pessoas ricas e influentes.

No encontro, as pessoas não usavam máscaras e se dividiam em duas pautas:

  • Abaixo assinado pedindo a revogação da determinação de obrigatoriedade do uso de máscaras;
  • Renúncia do prefeito.

Como eu disse, eles eram uma minoria influente e duas semanas depois da reunião as máscaras deixaram de ser obrigatórias.

No final da história, analisando per capta, São Francisco foi uma das cidades com números mais alarmantes. Nessa cidade de 500 mil habitantes, 45 mil pessoas foram infectadas e 3 mil morreram.

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