A dica de hoje é para quem quer treinar o espanhol. E, além disso, aproveitar uma bela peça de teatro argentina. ” Las amargas lágrimas de Petra Von Kant” é uma bela obra teatral.
Apresentada em 2018, no Teatro San Martín, “Las amargas lágrimas de Petra Von Kant” foi escrita por Rainer Werner Fassbinde e lançada no cinema em 1972.
Com um elenco exclusivamente formado por mulheres, a obra se passa na casa/ateliê da figurinista Petra Von Kant.
Essa montagem teve direção de Leonor Manso. Além disso, contou com as atuações de:
- Muriel Santa Ana;
- Belén Blanco;
- Marita Ballesteros;
- Dolores Ocampo;
- Miriam Odorico;
- Victoria Gil Gaertner.
A história
Petra é uma famosa estilista. Depois do divórcio de seu segundo marido, ela se apaixona por Karin, mas não entende o próprio amor. Karin, uma jovem sem perspectivas, porém muito oportunista, ama Petra, mas de uma maneira própria.
Enquanto isso, Petra explora Marlene, uma espécie de secretária, que parece ser a única pessoa com quem ela pode contar.
A montagem
A peça tem 90 minutos e eles são muito bem aproveitados. Imagino como deve ter sido vê-la no teatro. Infelizmente, não foi o meu caso.
Em primeiro lugar, a peça tem uma direção muito precisa. Além disso, conta com um grupo de atrizes incríveis, presentes no momento e prontas para viver em cena com a intensidade que as personagens pedem.
Petra é uma mulher prestes a sufocar. Ela está o tempo todo precisando de mais ar do que o seu estilo de vida consegue fornecer. Por isso, é brilhante que o espaço onde a peça se passa pareça tão clean e tão aberto, mas na verdade seja completamente fechado.
Também impressiona o uso das cores no figurino. Vermelho e branco, basicamente. Vermelho que é tão forte no mundo feminino, nos lembrando do sangue, mas também da força.
E a música também é parte da obra, entretanto não só como uma forma a parte da história. Pelo contrário, a sonoplastia é quase parte do cenário.
Las amargas lágrimas de Petra Von Kant
“Las amargas lágrimas de Petra Von Kant” é uma obra sobre amor. Mas também é uma história de dominação. Essa montagem é feminista, mas não perde as críticas ao capitalismo.
Petra é oprimida e Petra oprimi. Ela foi oprimida pelo segundo marido e o é pela mãe e por Karin. Mas Petra também oprime Karin, a mãe, a filha, a amiga e, além disso, a secretária.
Essa mulher deseja amar, mas um amor verdadeiro, uma grande paixão. Coisa que, segundo ela, só pode acontecer se um casal quer ficar junto e um sabe tudo sobre o outro.
No começo da peça, ela está desesperada, chora e pede pela mãe. Mas não obtém colo. Pelo contrário, o que ela recebe é um pedido dinheiro. E a opressão da mãe, reflete na forma como ela trata a secretária.
Petra sustenta a mãe, a filha e Karin. Mas não paga Marlene da forma como ela merece. Seu dinheiro e seu sucesso foi o que acabou com o seu casamento, já que o marido não aceitou a independência financeira da esposa.
Seu dinheiro e seu sucesso são os motivos para ela acreditar que pode dominar Karin. Além disso, dinheiro e seu sucesso são o que a torna insegura com relação ao amor que essa mulher lhe oferece.
A Petra que Muriel Santa Ana nos apresenta é forte e fraca. Dominadora e dominada. E a atriz faz esses binários de forma espetacular.
A mulher que não sabe amar e que tem medo da solidão só aprende ao final da peça que há uma diferença entre amar e possuir. Petra quer amar, mas quer ter o outro como quem tem um bem comprado. E, ao mesmo tempo, ela não quer que o outro se venda.
Petra é alguém que ama sem saber como.
Quer ver Las amargas lágrimas de Petra Von Kant?
A peça está online para que as pessoas possam ficar em casa, mas com acesso a cultura. A obra pode ser assistida pelo YouTube.