Dia Internacional da Mulher

Dia Internacional da Mulher: sobre o que é?

Dia Internacional da Mulher

Feriados são determinados pelo comércio. Pelo menos em sua maioria. Entretanto, não todos são assim. Um deles é o dia internacional da mulher. Esse foi determinado pela luta.

O dia internacional da mulher tem uma origem em dois acontecimentos muito importantes e tristes. A data é celebrada desde o século XX, mas parece que a cada ano se esquece mais o seu significado.

Por mais que os grupos feministas comemorassem a data, ela só se tornou oficial em 1975.

A origem operária do dia Internacional da Mulher

O acontecimento mais conhecido é a origem operária nos Estados Unidos. Em 1909, as mulheres fizeram grandes passeatas por melhores condições de trabalho. Naquela época, os homens trabalhavam em situação terrível, mas a das mulheres conseguia ser ainda pior.

Elas podiam ter jornadas de trabalho de 16 horas. Além disso, costumavam trabalhar seis dias na semana. E o salário? Baixo e menor do que o dos homens.

Portanto, elas sentiram a necessidade de começar a lutar por condições melhores de trabalho. As passeatas se espalharam país. A mais marcante foi realizada no dia 26 de fevereiro de 1909, quando 15 mil mulheres foram às ruas.

Entretanto, esse não é o acontecimento mais marcante dessa época. No dia 25 de março de 1911, um incêndio atingiu a fábrica de roupas Triangle Shirtwaist. O número de mortos chegou a 146, sendo que 23 eram homens e 123 eram mulheres.

Existem imagens muito fortes do incêndio na internet.

O incêndio foi acidental, mas o que causou o grande número de mortos foi o fato de que todas as saídas da fábrica estavam fechadas. O motivo? Evitar que os funcionários saíssem no meio do expediente.

Esse fato causou revolta em mulheres do mundo inteiro. O movimento pelos direitos de pessoas do sexo feminino também crescia na Europa e, assim, isso se tornou um marco. Todas se lembravam das mortas na fábrica.

A origem revolucionária

O caso mais sério de origem revolucionária para o dia internacional da mulher aconteceu na Rússia.

Não deve ser segredo para ninguém que guerras causam fome. E o povo na Rússia não aguentava mais ficar sem comer para que o dinheiro do país fosse utilizado para a manutenção de sua participação na Primeira Guerra Mundial.

No dia 7 de março de 1917, os operários russos entraram de greve para pedir melhores condições de vida. No dia seguinte, as mulheres que esperavam na fila de racionamento de pão se revoltaram e aderiram à luta.

Esse acontecimento deu origem à Revolução Russa. A revolta tinha três pontos principais:

  • alimento;
  • direitos trabalhistas;
  • saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial.

E em 2020 no Brasil?

Talvez possa parecer que todas essas manifestações são coisas do passado. Mas não é preciso refletir muito para entender a importância que a data ainda tem.

No Brasil, o número de feminicídios cresce a cada ano. Inclusive, eles representam 50% das mortes de mulheres. Ou seja, a cada 10 mulheres assassinadas, 5 morreram por ser mulher.

Além disso, nosso país ainda enfrenta a violência doméstica e o abuso sexual – na rua, em casa ou no trabalho.

Isso sem nos esquecer do fato de que as mulheres continuam recebendo menos do que os homens para exercer a mesma função. Tem gente que não acredita que isso seja uma realidade. Mas é.

Tem muita coisa que as pessoas não acreditam ser uma realidade mas é. Toda mulher já sofreu algum tipo de assédio ou abuso. E há quem não acredite nisso.

A triste verdade é que se uma mulher te disser que nunca passou por uma situação assim, é por dois motivos:

1 – a situação já se tornou tão normalizada que ela sequer percebeu que passou por uma violência;

2 – ela tem vergonha de falar sobre o acontecimento.

Isso sem falar da falta de reconhecimento de determinadas profissionais. Há muitas mulheres que fizeram coisas importantes, mas foram excluídas da história.

E sem comentar profundamente o fato de que as meninas continuam sendo criadas para determinadas profissões. E que a maternidade continua sendo imposta, assim como as tarefas domésticas.

Ou seja, isso sem citar uma série de fatos preocupantes que ainda amaldiçoam mulheres e meninas no Brasil

E no Mundo?

Se fossemos falar do mundo todo, esse artigo seria um livro. Provavelmente uma série de livros. Poderíamos citar, por exemplo, que a Argentina teve mais de um feminicídio por dia em 2020. Ou seja, mais mulheres morreram nas mãos de um parceiro ou parente do que o ano teve dias.

Também teríamos que dizer que as meninas na Índia continuam abandonando a escola por falta de absorvente. Muitas nem sabem o que é um absorvente.

Mas eu não vou me aprofundar nesses fatos. Eles são importantes demais e densos demais para um texto só. Como eu disse, seriam uma série de livros.

Meu ponto aqui é falar sobre o dia internacional da mulher e sobre o fato de não ser uma data comemorativa.

Sobre como o termo “mulher guerreira” não tem origem no fato dela ser mãe, cuidar da casa, do marido, dos filhos e, além disso, precisar trabalhar. É lembrar que ainda há a exploração do trabalho feminino. E avisar para quem não sabe que não é bonito ter que fazer tudo sozinha em casa.

O dia da mulher tem origem na morte de cada mulher ao redor do mundo.

Seja na sua luta para que nós tivéssemos direitos, seja na mãos de homens que se julgaram, acima de tudo, no direito ao assassinato por uma ideia torpe de amor e proteção. A morte dessas mulheres se deu pela certeza de que a vida delas valia menos do que a deles.

O dia da mulher não é um feriado do comércio ou da Igreja. O dia da mulher é dia de luto por todas aquelas que morreram por serem mulheres.

FELIZ DIA DE LUTO.

Fontes 1, 2 e 3

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