George Stinney – inocente e condenado à morte

George Stinney

Há alguns meses eu escrevi sobre pena de morte no Brasil. Porém, agora vou falar sobre um caso de pena de morte nos Estados Unidos. Hoje, nós vamos falar da história de George Stinney.

George Stinney tinha apenas 14 anos quando foi preso, julgado, condenado e executado. Pode parecer que tudo foi muito rápido e realmente foi. Entre a prisão de George e sua execução se passaram apenas 83 dias.

O rapaz negro foi acusado de ter assassinado duas meninas. As vítimas eram Betty June Binnicker, 11, e Mary Emma Thames, 7. As duas eram brancas e foram encontradas em uma vala, em um bairro negro.

Por mais absurda que seja o fato de eu ter que falar a respeito da raça de todos os envolvidos, ela é necessária. Pois, não podemos nos esquecer que a questão racial nos Estados Unidos envolveu segregação. E foi muito mais forte do que no Brasil, por exemplo.

Por isso, o fato de o menino ser negro e as meninas assassinadas serem brancas, é crucial para o caso.

O caso

Os corpos foram encontrados em março de 1944. Os corpos das meninas tinham ferimentos na cabeça. Por isso, a polícia acredita que elas foram feridas com uma barra de ferro.

Como o garoto era muito jovem, foi fácil convencê-lo a confessar o crime. Afinal de contas, é preciso levar em consideração o medo que esse menino deve ter sentido.

E não sou só eu quem pensa assim. Segundo a juíza que revisou o caso 70 anos depois “a confissão simplesmente não pode ser considerada válida e voluntária, dados os fatos e circunstâncias desse caso, destacando-se a idade do acusado e sugestionabilidade”.

Além disso, há mais um fato a ser levado em consideração. Não há nenhuma prova dessa suposta confissão. O menino não escreveu nada, mas os policiais disseram que ele disse que foi o responsável.

Porém, os absurdos não acabam por aí. O advogado de defesa era branco, cobrador de impostos e estava concorrendo para a reeleição como cobrador.

Além de não ter convocado muitas testemunhas, ele economizou nas perguntas e nem tentou recorrer da sentença. E é importantíssimo dizer que a decisão foi tomada por um juri formado por homens brancos que não demoraram muito para condenar a criança.

A família sempre acreditou na inocência do garoto, mas a polícia precisava de um culpado. Por isso, George foi a pessoa mais jovem a ser executada em nome da lei.

O menino foi executado no dia 16 de junho de 1944. Ele pesava 44 quilos e era tão pequeno que o carrasco precisou colocar uma lista telefônica na cadeira elétrica para evitar que o menino escorregasse.

Um novo julgamento 70 anos depois

Durante toda a vida, os irmãos de George Stinney tentaram limpar o nome do rapaz. Eles conseguiram um novo julgamento em 2014, sob a responsabilidade da juíza Carmen Tevis Mullen.

Ela disse: “Não lembro de um caso, em que tenham sido tão abundantes as provas de violações aos direitos constitucionais e tantas as injustiças”.

Por falta de qualquer prova a respeito da culpa do garoto, a juíza achou por bem determinar a inocência. Além disso, ela levou em consideração o fato de que a irmã do menino, Katherine Stinney Robinson afirmou que estava com ele na hora em que as meninas foram assassinadas. Só que ela não foi ouvida pela polícia da época.

Quem não ficou feliz com o veredito foi a sobrinha de uma das vítimas. Que mesmo com a falta de evidências acredita na culpa do garoto. Mas isso nem faz muito sentido. Afinal de contas, ela não estava viva quando os crimes aconteceram e a polícia não tem prova de nada.

Referência na literatura

Não encontrei nenhuma confirmação feita pelo próprio Stephen King. Mas é impossível ler a história de George Stinney sem se lembrar do livro/filme “À espera de um milagre”.

Porém, ao invés de lidar com um garoto de 14 anos, King fala de um grande homem negro que é tão inocente quanto a mais pura das crianças. Além de ter poderes sobrenaturais.

É curioso que o King coloca no filme um homem que teria tamanho para cometer o crime. Mas que não tem ódio para isso.

No caso de George parece que ele não tinha nenhuma das duas características. Mas enfim, sobre o coração dele eu não posso falar. Só sobre a falta de tamanho, de peso e de provas.

Fontes 1 e 2

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