Não sei se eu posso dizer que gosto muito de John Boyne. Afinal de contas, eu só li dois livros dele. Entretanto, eu gostei muito dos dois. “Uma história de solidão” é um livro do qual eu nunca havia ouvido falar, mas é daquelas surpresas que surgem em aniversários.
Provavelmente você já ouviu falar em John Boyne. Ele é um daqueles autores que tem uma obra muito conhecida. Talvez mais conhecida do que o seu nome. Seu primeiro livro de sucesso, “O menino do pijama listrado”, também foi bem vendido no cinema.
Em “Uma história de solidão”, ele fala do seu país, a Irlanda, pela primeira vez. O relato é muito forte. Um relato cru sobre a mágoa que a Igreja Católica provocou no país, que já foi um dos mais católicos do mundo.
Enredo
“Odran e Tom são amigos de longa data: se conheceram no seminário e foram ordenados padres na mesma época. Em uma Irlanda católica, os dois tomam rumos diferentes, mas se reencontram adultos, quando não têm mais nada em comum, exceto a profissão e as lembranças que permaneceram com o tempo.
Ao narrar a história desses dois personagens, John Boyne traça o panorama de uma sociedade sufocada pelos ditames do catolicismo e do regime doutrinário das escolas, desvelando com muita habilidade o segredo mais bem guardado da Igreja.”
Livro que se espelha na realidade
A Irlanda já foi um dos países mais católicos do mundo. Isso foi antes dos escândalos de pedofila ganharem os jornais. O país tinha um grande número de internatos católicos, que ficaram no centro dos escândalos.
Ao todo, estima-se que 14.500 crianças foram sexualmente abusadas por membros do clero católico. As primeiras acusações surgiram na década de 80 e investigações comprovaram que os líderes religiosos sabiam dos abusos. Entretanto, ao invés de encaminhar os casos para as autoridades, eles foram encobertos e os padres realocados.
O que eu achei do livro?
O livro é muito bem escrito. Eu gosto muito do fato de que ele mostra que o criminoso não é apenas aquele que, de fato, cometeu o crime.
Ele também relata muito bem a devastação que pode acontecer quando pais obrigam os filhos a se tornarem padres. Mesmo as famílias mais religiosas precisam entender que nem todos têm vocação.
Não vou dar nenhum spoiler, mas gosto da forma como o livro trata a situação. Em momento nenhum a igreja é transformada ruim, mas o autor também não a libera da culpa.
Os padres não pedófilos, mas que fecharam os olhos perante os abusos também levam a culpa. Os pedófilos que não receberam amor em casa levam a culpa e suas famílias também.
Além disso, o autor trata de uma maneira muito tocante a destruição que esse tipo de violência causa na vida das pessoas. Como alguém é capaz de destruir famílias inteiras.
Eu recomendo fortemente esse livro. Mas, talvez, se seu emocional não estiver muito bom, você deva esperar para lê-lo.
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Até a próxima e muito obrigada,
Thaís