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O filme “Cinco Graças” e a resistência feminina

Enredo de Cinco Graças

Cinco Graças se passa em um vilarejo na Turquia. Voltando da escola, cinco irmãs resolvem parar na praia para brincar com uns meninos que estudam com elas. O ato – considerado escandaloso no país – é visto por uma vizinha que conta tudo para a família das garotas. Como punição, elas perdem o direito de sair de casa, de estudar e ainda precisam lidar com o fato de que seus parentes estão procurando maridos para todas.

Ato de resistência

A vida das meninas se torna muito difícil depois do seu último dia de aula. A escola é substituída por aulas sobre como ser uma boa dona de casa. O contato com o exterior ser torna impossível.

Acho que uma das coisas mais bonitas do filme é o fato de que elas lutam muito pela sua liberdade. Às vezes de forma grandiosa, às vezes com pequenos atos de rebeldia – como tomar sol vestindo apenas shorts e sutiã.

A relação entre as irmãs também é bem explorada. A solidariedade entre elas, o amor e a união exalam pelas cenas.

Além disso, também é forte a sensação de que a cultura não pode eliminar a natureza humana. As meninas são subjugadas, humilhadas, têm sua individualidade aniquilada, mas nada disso as impede de lutar. Não impede os desejos e impulsos da juventude.

Semelhança cinematográfica

Para quem já assistiu, é fácil encontrar semelhanças com o filme de Sofia Coppola “As virgens suicidas” (baseado no livro de mesmo nome do autor Jeffrey Eugenides).

Os dois filmes representam a estreia de suas diretoras – “Cinco Graças” foi dirigido por Deniz Gamze Ergüven (nascida na Turquia, mas que vive na França).

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Ambos retratam cinco irmãs bonitas que precisam lidar com abusos familiares – de naturezas diferentes.

Os dois são lindamente construídos e trabalham bem dentro de suas propostas e são muito bons, que devem ser assistidos ao menos uma vez. Entretanto, acredito que o “Cinco Garças” é capaz de tocar o espectador de forma mais profunda.

Explico isso sem, de forma alguma, desmerecer o filme de  Coppola. A questão é que “As virgens suicidas” trata de uma história que pode muito bem ser levada apenas para o lado ficcional, além de se passar nos anos 70, longe da nossa época.

Enquanto isso, “Cinco Garças” é um filme presente. É a história de meninas que moram na Turquia e que podem representar qualquer menina que viva em um país com regras e religião rigorosa.

O filme nos mostra que, sim, estamos no século XXI e no momento no qual você lê esse texto, ou assiste ao filme, uma jovem mulher pode estar sendo forçada a casar com alguém que ela não conhece.

“Cinco Graças” é um filme que mostra a luta da mulher, a resistência de quem ainda precisa se provar virgem para casar.

As “cinco graças” sucumbem e resistem. Elas são o retrato da realidade.

Espero que vocês gostem do filme e que gostem de “As virgens suicidas” também. Me digam o que acharam, ou se quiserem enviar outra coisa, o email é [email protected]

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